24/12/2012

Especialistas criticam proposta de internação compulsória para usuários de crack

A maior dificuldade no enfrentamento ao uso de crack e outras drogas é a inexistência de uma rede de assistência forte e a falta de investimento dos governos nos últimos anos, analisa o psiquiatra Paulo Amarante, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz) e presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme). “Desde 2002 existe uma legislação no Brasil que criava os Centros de Atenção Psicossocial para álcool e drogas (CAPs), que hoje são raríssimos. O governo federal, os estados e municípios não investiram”, afirma o pesquisador. Para ele, o serviço oferecido pelos CAPs é eficiente por não trabalhar com a exclusão nem com a internação compulsória. “Ele não interna no sentido clássico, mas tem que ter leitos 24 horas, leitos de assistência, onde as pessoas sentem que são atendidas sem perder os seus direitos. A grande questão da internação compulsória, de todo tratamento feito sem vontade, é que ele tem baixa eficácia.” Segundo Amarante, de 95% a 97% das pessoas internadas contra a vontade, seja de forma involuntária ou compulsória, retornam ao uso da droga. No início do mês, a Comissão Especial do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas da Câmara dos Deputados aprovou texto que altera drasticamente a legislação antidrogas do país, e permite, por exemplo, que um usuário seja internado involuntariamente por até seis meses e aumenta a penalidade para traficantes.

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