05/04/2012

Dois irmãos morreram numa câmara frigorífica de maçãs

Dois homens, irmãos, foram descobertos sem vida pelas 16.30 horas desta quarta-feira, fechados numa câmara frigorífica de um armazém de uma frutaria, em Armamar, no distrito de Viseu.
Segundo o comandante dos Bombeiros Voluntários de Armamar, Alberto Cochofel, uma das vítimas tinha 30 anos e a outra estaria na casa dos 20 anos.
Os dois irmãos trabalhavam nas obras do armazém das Frutas Cruzeiro, que tem sede em Moimenta da beira, e, segundo a mesma fonte, não teriam autorização para entrar nas câmaras frigoríficas.
"Eles trabalhavam para um empreiteiro e estavam a fazer tetos falsos na área social da empresa, muito afastada da zona das câmaras frigoríficas, onde não tinham autorização para entrar", disse à agência Lusa António Vicente, gerente das Frutas Cruzeiro II.
Segundo António Vicente, na terça-feira um funcionário "deixou-os tirarem maçãs da parte do armazém, mas avisou-os logo de que não podiam passar" para a zona onde existem 24 câmaras frigoríficas de fruta.
O responsável explicou à Lusa que aquelas câmaras "têm o menos possível de oxigénio, para os fungos não sobreviverem e as maçãs se aguentarem bem conservadas" até ao momento da comercialização.

Dada a perigosidade das câmaras, "têm portas que estão isoladas e bloqueadas". No meio, estas têm uma janela que permite ver o estado de conservação da fruta do lado de fora.
"Foi por essa janela que eles entraram. Apesar de ter fechadura, tiveram acesso à chave, não sei como, e abriram-na", contou, acrescentando que os dois irmãos só conseguiram entrar porque eram muito magros.
António Vicente pensa que o primeiro que entrou tenha ficado imediatamente inanimado e o segundo o tenha tentado ir ajudar.
O responsável sublinhou que "a perigosidade das câmaras está devidamente assinalada".
"Mesmo com todos os cuidados de segurança que temos, nunca vai só uma pessoa abrir a câmara, apesar de bem protegida", explicou.
Os dois irmãos, com idades na casa dos 20 e dos 30 anos, viviam em Tarouca.
"Ainda os tentámos reanimar com os equipamentos que temos, depois chamámos VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) de Vila Real, mas já não conseguimos já fazer nada", lamentou à Lusa o comandante dos bombeiros de Armamar, Alberto Cochofel.
O comandante admitiu que dois dos bombeiros da corporação ainda "correram riscos" para retirar os dois homens do interior da câmara frigorífica.

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